A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) iniciou esta terça-feira uma greve de dois dias, que inclui também a paralisação do trabalho extraordinário nos cuidados de saúde primários até 31 de agosto. Estão previstas concentrações em várias cidades do país; em Lisboa, foi junto ao Hospital de Santa Maria, a partir das 11h00.
Esta greve foi convocada devido à falta de vontade do Ministério da Saúde em negociar várias matérias fundamentais para os médicos, incluindo a revisão dos salários e a reintegração do internato na carreira médica.
Segundo o comunicado desta estrutura sindical, "Sem estas medidas, não será possível fixar médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e garantir os cuidados de saúde à população, seja nos centros de saúde ou nos hospitais, depauperados por anos de políticas de desinvestimento e de desvalorização do trabalho médico. A situação é dramática: há 1,7 milhões de utentes sem médico de família, os serviços de urgência - em particular de pediatria e de ginecologia-obstetrícia - encerram rotativamente, e as listas de espera para cirurgias acumulam doentes para além dos prazos previstos."
Os médicos exigem respeito e valorização do seu trabalho, o que implica a implementação de medidas imediatas: a valorização das grelhas salariais, a redução para 35 horas semanais de trabalho e 12 horas semanais em serviço de urgência, a reintegração do internato na carreira médica, a criação de um regime de dedicação exclusiva, opcional para todos os médicos e devidamente majorada, bem como a reposição dos 25 dias úteis de férias, com mais 5 dias suplementares se gozados fora da época alta.
O SNS não pode continuar a sobreviver à custa do trabalho suplementar e da exaustão dos médicos. É essencial que funcione com condições adequadas para médicos, profissionais de saúde e utentes.