SEMANA ESCLARECIMENTO

A multinacional Unilever vendeu o seu negócio da margarina, que inclui marcas como Flora e Becel, a um fundo de investimento e o accionista da Unilever em Portugal, a Jerónimo Martins, também vendeu a sua parte.

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE CSRA) quer respostas para a preocupação que cresce entre os trabalhadores da Fima-Olá (Unilever-Jerónimo Martins), em Santa Iria da Azóia.

 

A venda ao fundo de private equity KKR, por mais de 6.825 milhões de euros, que deverá ficar concluída em poucos meses, faz parte do plano da Unilever para aumentar os lucros dos accionistas em 20%.

Os trabalhadores da Fima-Olá encaram com mais preocupação o futuro. Têm problemas e reivindicações por resolver com a direcção da fábrica e no Verão tinham manifestado a sua solidariedade com lutas noutras unidades da Unilever, na Alemanha e na Holanda, contra as consequências de uma «reestruturação» de todas as áreas do grupo na Europa, para reduzir custos e aumentar lucros, que antecedeu a concretização deste mega-negócio.

A preocupação dos trabalhadores é agravada pela falta de informação e de respostas patronais a questões prementes, tais como:

  • Garantir que se mantêm as condições laborais e os direitos dos trabalhadores;
  • Acordar os tempos de antiguidade;
  • Esclarecer que critérios vão determinar quais os trabalhadores que ficam na Unilever e quais os trabalhadores que passam para a KKR;
  • Conhecer o projecto de sustentabilidade da KKR, indicando uma data para ele ser apresentado.

Contudo, a gestão da fábrica de Santa Iria está a evitar as reuniões com o sindicato. Decorre a alteração da actividade económica da empresa, avança a venda do negócio das margarinas, mais de 100 postos de trabalho estão afectados, mas o SITE CSRA e os trabalhadores continuam sem conhecer as decisões tomadas relativamente ao futuro.

Não está a ser cumprido o direito da Comissão Sindical à informação, designadamente sobre: novos contratos de trabalho e futuro dos trabalhadores contratados; trabalho precário para suprir postos de trabalho permanente (passaram pela empresa entre 300 e 400 trabalhadores temporários em 2016).

Também faltam respostas sobre os salários, que não aumentam há dez anos. Prepara-se a apresentação do caderno reivindicativo para 2018, mas não houve resposta da administração da Fima-Olá ao caderno reivindicativo de 2017. É preciso acabar com assimetrias salariais injustas e discriminatórias.

Não tem sido prestada informação pela direcção sobre os planos de formação profissional e melhoramento dos mapas de formação profissional, desconhecendo a Comissão Sindical se estão a ser cumpridos e o qual o projecto para o futuro.

PROIBIÇÃO ESTRANHA

Recentemente os trabalhadores foram confrontados com uma estranha proibição, por parte da empresa, para a realização de plenários. No dia 17 de Outubro, com uma convocatória idêntica ao que sempre se tem feito, foi impedida a entrada de dirigentes do SITE CSRA, a pretexto de que são «externos».

Este tipo de conduta é condenável, visa atingir os interesses de quem trabalha e cria riqueza, mas também choca com obrigações e direitos consagrados na lei, nomeadamente o artigo 461.º do Código do Trabalho.

A Comissão Sindical afirma que usará todos os meios legais face à não autorização de entrada de dirigentes sindicais nas instalações da empresa para se reunirem com os representantes dos trabalhadores.

Faltam respostas e não é autorizada a realização de plenários sindicais nas instalações, o que leva a Comissão Sindical a interrogar se a direcção da Fima-Olá tem algo a esconder aos trabalhadores.

A situação vai continuar a ser acompanhada pelo SITE CSRA e pela sua Comissão Sindical na Fima-Olá, bem como no Comité Europeu de Empresa da Unilever. A estrutura sindical vai insistir na realização de reuniões na DGERT (Ministério do Trabalho) e numa intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho. Não se exclui que seja necessário convocar os trabalhadores para definir formas de luta.