capa_19maioO programa imposto pela troika estrangeira, com submissão ou apoio da troika nacional e também do Presidente da República, deve ser rejeitado e substituído por efectivas alternativas, salientou a CGTP-IN, nas grandes manifestações que esta tarde trouxeram dezenas de milhares de pessoas às ruas de Lisboa e do Porto. «O acordo não é inevitável e não é lei» - começa por afirmar-se na resolução que sintetiza a mensagem desta jornada de luta e que foi desenvolvida nas intervenções do Secretário-geral da CGTP-IN, Manuel Carvalho da Silva, em Belém, e de João Torres, da Comissão Executiva da central, na Avenida dos Aliados, nos comícios sindicais que tiveram lugar no final dos desfiles.

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Em Lisboa, com ponto principal de concentração no Largo do Calvário, mas com várias centenas de manifestantes a fazerem o percurso inicialmente marcado, desde a Assembleia da República, o protesto juntou mais de 50 mil trabalhadoras e trabalhadores dos distritos a Sul do Mondego. No Porto, confluindo para a Praça da Batalha e a Praça dos Leões, para depois desfilarem pela baixa e se concentrarem na Avenida dos Aliados, estiveram mais de 15 mil pessoas dos distritos do Norte.
Para a CGTP-IN, «o programa imposto pela troika (FMI-UE-BCE), com submissão ou apoio do Governo PS, do PSD, do CDS, e do Presidente da República, consubstancia-se como um golpe de Estado constitucional, um ataque fortíssimo à democracia e à soberania nacional, uma clara capitulação perante a ingerência externa, uma negação do desenvolvimento do País, um autêntico atentado aos trabalhadores e ao povo».
Citando os exemplos da Grécia e da Irlanda, na resolução salienta-se que «este compromisso, agora ratificado pelo ECOFIN (ministros da Economia e Finanças da UE), não só não responde a nenhum dos problemas estruturais do País, como os ignora e agrava ostensivamente». O acordo «é, objectivamente, um programa político ao serviço dos grandes accionistas de grupos económicos e financeiros nacionais e internacionais, contra os trabalhadores, contra a esmagadora maioria dos portugueses e portuguesas, contra o futuro do País».
«Basta de apelos hipócritas e cínicos à convergência nacional, para continuar a encher os bolsos dos mesmos e para assegurar a continuação no poder dos que colocaram o País na situação de descalabro em que se encontra», protesta a CGTP-IN, reafirmando que «continuará a combater estas políticas, lutando contra as medidas imorais, injustas e inadmissíveis que colocam em causa os direitos, a dignidade e o nível de vida dos trabalhadores e da população, que hipotecam fortemente o futuro dos mais jovens, que provocam um retrocesso social e civilizacional profundíssimo no nosso país».
Nas eleições de 5 de Junho é preciso «garantir efectivas alternativas», apela a central, defendendo «que os trabalhadores e outras camadas da população façam deste dia uma jornada de luta, participando activamente no processo eleitoral para, com o seu voto, reforçarem a democracia, exigirem um país mais justo e solidário e para elegerem deputados que impeçam um golpe de Estado constitucional contra os seus direitos». Também por esta via, «é preciso dizer “não” às imposições das troikas, transformando o sentimento de descontentamento e indignação contra estas políticas em votos que garantam a afirmação de caminhos alternativos».