O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) promoveu três debates no âmbito dos 50 anos da Revolução de Abril, sob o lema "Antes e Durante a Revolução de Abril - Testemunhos na Primeira Pessoa de Quem Lutou pela Liberdade e a Democracia no Nosso País".
A União dos Sindicatos de Lisboa teve o prazer de estar presente também neste último debate, que se realizou no dia 29 de outubro, no auditório da Biblioteca Orlando Ribeiro.
Esta sessão contou com a participação de José Marcelino, ex-preso político, eletromecânico na TAP e sócio-fundador do sindicato SITAVA. Ouvimos este ativista sindical contar como, no tempo da ditadura, o ambiente era de medo e repressão. Mesmo nestas condições, houve homens e mulheres que se destacaram pela sua coragem e determinação, conseguindo dinamizar a luta na empresa e envolver os trabalhadores na construção do primeiro contrato coletivo de trabalho. José Marcelino foi preso mais do que uma vez por ser comunista.
Jerónimo de Sousa, ex-secretário-geral do PCP, foi também um dos protagonistas neste debate. É importante lembrar que foi o primeiro operário a ser eleito como deputado e integrou a Assembleia Constituinte, que deu origem à Constituição da República Portuguesa de 1976. Ainda hoje, mesmo com as sete revisões a que foi sujeita, "...o projeto original ainda está lá, apesar das mutilações de que tem sido alvo", disse Jerónimo de Sousa — uma das constituições mais avançadas e progressistas do "mundo ocidental". Sérgio Letria, Diretor da Fundação José Saramago, assumiu a responsabilidade de moderar a conversa entre ambos.
Comemorar os 50 anos da Revolução de Abril é um ato de resistência na defesa de direitos fundamentais da nossa democracia. Foi com o 25 de Abril que, pela primeira vez na nossa história, conseguimos garantir que ficasse plasmado na CRP um conjunto de direitos, liberdades e garantias ao povo, em particular aos trabalhadores. Com a Revolução foi possível pôr termo a 48 anos de uma ditadura fascista, marcada pela fome, pelo analfabetismo, pela violência, pela ausência de liberdade, pela guerra, e, em suma, por um profundo atraso socioeconómico.
Hoje continuamos a luta pelo direito ao trabalho com direitos e salários dignos, mas também pelo direito às funções sociais do Estado no campo da saúde, educação, habitação, proteção e segurança social, justiça e cultura. Defender Abril é exigir, acima de tudo, que se cumpra e se faça cumprir a Constituição da República Portuguesa erguida em 1976!